Apredendo a pensar a Bíblia

04/06/2012 11:05

 

Exegese  de Oséias.

 

Oséias :6.5 -11

5 Por isso, os abati por meio dos profetas; pela palavra da minha boca, os matei; e os meus juízos sairão como a luz.

6 Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.

7 Mas eles transgrediram a aliança, como Adão; eles se portaram aleivosamente contra mim.

8  Gileade é a cidade dos que praticam a injustiça, manchada de sangue.

9 Como hordas de salteadores que espreitam alguém, assim é a companhia dos sacerdotes, pois matam no caminho para Siquém; praticam abominações.

10 Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel: ali está a prostituição de Efraim; Israel está contaminado.

11 Também tu, ó Judá, serás ceifado.

V A

 

Comentário exegético do capítulo 6 versículos 5-11

Os versos que seguem, são em resposta do que Deus esta falhando nos versos do (4-6) deste capitulo, o arrependimento do povo não é verdadeiro, nem sincero, ele diz: que o povo é como nuvem que de manhã e de tarde se desvanece, assim era o arrependimento do povo frente a Deus, O Senhor tinha feito todo o possível, de acordo com sua santidade e justiça, para dirigir a vida do povo, pelo que Deus se queixa de seu povo e diz: Os cortarei, ou os abaterei estes homens, hipócritas, corruptos que devem ser exterminados por meio dos profetas (por que os profetas?); pois a palavra divina que vinha de parte de Deus por intermédio dos profetas, era como espada que corta, que tira a árvore podre, que está em meio do povo, os profetas alertaram ao povo sobre as conseqüências do seu pecado (Is 11.4; 49.2; Jr 1:10;5.4; 1Re 19.17), o Senhor intento guiar, disciplinar e ensinar seu povo por meio destes profetas, mas o povo não aprendeu, O Senhor, anuncia um julgamento futuro mas bem presente, para a vida do povo. Pelo que os simples ritos, feitos pelos sacerdotes, eram mero formalismo, e não um sacrifício vivo como explicam os versos seguintes.

Israel era débil e falto de forças, principalmente por que era superficial, Oséias começa esta parte com duas figuras, primeiro usa a imagem da sua eleição como pai, que é tratado como um filho imaturo, Israel carecia de um profundo e sincero arrependimento, o que estava sendo proferido pelo povo, era como as nuvens da manhã e que a tarde já está dissipada, pelo que o povo desvanecia-se na falta de uma conduta.

No (v 6), o profeta destaca a primeira preocupação de Deus pelo o homem, ao relacionar-los devidamente consigo mesmo, Israel não compreendera verdadeiramente a natureza da espiritualidade, pois não cumprir o pacto sobre os outros deuses, dava a impressão da falta de amor do povo, pelo que a chama do sacrifício poderia queimar a noite toda, que não faria diferença, mas isso não significava que algum amor queimaria no espírito deles, pois o povo não tinha mas amor por Deus.

Oséias não estava preocupado pela estrutura do culto, mas sim pela sinceridade da vida religiosa que povo expressava, e como profeta tinha a responsabilidade de falar ao povo já que os sacerdotes estavam contagiados com a grande febre pela busca de outros deuses, antes das formas e cerimônias, o profeta diz que as novas formas e estruturas suplantas a adoração espiritual que deve existir na vida do povo de Deus, e isto é o que Deus reclama de forma contundente, as formas e estruturas tem grande valor, mas nunca deve substituir o relacionamento com Deus e seu amor. Jesus cita estas passagens nas ocasiões que foi questionado pelos fariseus, por comer junto com os pecadores, Ele responde com este texto de Oséias (Mat.9.13). No comentário do livro (O profeta de coração quebrantado) este texto tem a seguinte comentário: “Israel observa a sua religião, mas onde estava o amor leal? Oferecia abundantes sacrifícios, mas onde o conhecimento de Deus? Era uma dicotomia na vida do povo. Muita religiosidade e muita imoralidade; muita profissão de fé e muita corrupção; mas óleo e água, não se misturam”. Pelo que Oséias considera a Israel um pão não virado no forno, um povo que não resiste às paixões dos demais povos que fica queimado por outro lado ao deixar-se Deus por outros.           

A palavra grega usada no verso seguinte (7) sugere, que o profeta esta dizendo que o povo havia mostrado sua debilidade humana (Adão) parece uma referência a transgressão feita pelo homem no Edem, do mesmo jeito que homem tem feito aqui neste contexto e continua fazendo nos dias de hoje, e foi onde desviaram-se de Deus, pois junto a adoração dos deuses e a prostituição do povo, nas festa, cometiam os mais horrendos crimes e derramavam sangue, Israel se tornou violento e transgressor de todo o pacto de Deus.

As cidades mencionadas no verso (8) parecem indicar algo como se fosse os caminhos pelo quais os Israelitas faziam sua peregrinação para ir aos altares a celebrar a seus novos deuses, mas parece indicar que estas cidades poucos conhecidas, se tornaram as cidades dos dias de hoje, para a nossa compreensão seriam um São Paulo ou Rio de Janeiro, pois eram conhecidas pela sua terrível violência, pois de forma estratégica, esta cidade era caminho para todos que haviam de ir trazendo suas ofertas, eram presas dos saltadores e ladrões que lhes tiravam tudo o que tinham e se estas pessoas resistiam, as matavam, “qualquer semelhanças com os dias de hoje é mera casualidade”

Os sacerdotes também estavam neste grupo de pessoas que eram especialistas em assaltar pessoas no caminho, todos os autores consultados são unânimes em dizer que os sacerdotes matavam seus próprios colegas para tirar-lhes o pouco que tinham, era um ato de traição, para chamar a isso de algo que era tão grande, pelo que a prática de outras coisas não nos deve surpreender, pois que pode ser mas terrível que tirar a vida de alguém, sem dar-lhe a oportunidade que este se defenda? Pelo que as abominações que são mencionadas no verso (9) eram pouca coisa, pois, era tão baixa sua conduta, que praticavam: Incesto (Lv18.17); prostituição cultural (Lv.18.17); estupro (Juí.20.5,6); adultério (Jó.31.9,10); mas imaginem o sacerdote cometendo todo este tipo de pecado, que seria do povo.

Nos versos finais Oséias anuncia que eles não poderiam evitar o derreamento de sangue e o juízo que vinha da parte de Deus por causa do pecado do povo, Israel se havia corrompido, tudo estava um desastre, as coisas não poderiam continuar, o povo estava na violência, prostituição e em toda classe de imundícia por causa de seu pecado, e pelo pecado dos sacerdotes todas as formas de abominação pela falta de fé e de amor em Deus, pelo que se estabelece um abismo espiritual entre Deus e o homem.

Oséias recorda ao povo de Judá, que lhes também seriam castigados, manifestação que não sabemos se seria certa, para muitos comentaristas não pode dizer de forma certa, se Judá estaria sendo ceifada de forma positiva ou negativa, mais tarde Deus restauraria seu povo, (de forma geral tanto Israel como Judá) Deus tiraria a superficialidade da vida de Israel e seria cheio de um profundo sentimento de Amor a Deus. Uma volta ao primeiro amor.

Bibliografia:

Bíblia de Jerusalém. nova edição, revisada .1996

A Bíblia Sagrada: tradução linguagem de hoje, sociedades bíblicas do Brasil, São Paulo 1988.

Bíblia Sheedd, 2ª ed, editora vida nova, São Paulo:1997

CRAABTREE. R .A O livro de Oséias :texto, exegese e exposição. CBP. Gb.1967

CHAMPLIN R. N O Antigo Testamento Interpretado editora Candeia. São Paulo: 2000

CHARLES.F.P Comentario biblico moody; Antiguo Testamento: editorial portavoz. 1962