A DISCIPLINA NA IGREJA

19/10/2012 09:17

A DISCIPLINA NA IGREJA                                                        Pr. Otoniel Ruiz

O termo vem do latim: Disciplina – discere – ensinar

Disciplina: Conjunto de conceito, métodos, didáticos e processo necessário a formação discípulo.

 

Introdução

Nossas igrejas estão sempre tendo problemas relacionados à disciplina de membros. Se a igreja é fiel e bíblica ao disciplinar, há a necessidade de que todos os membros compreendam as bases bíblicas para tanto; se a igreja é falha, é necessário que todos se conscientizem das razões dadas pelas Escrituras para a aplicação da disciplina e dos perigos e conseqüências de negligenciá-la. Esse é, portanto, um tema sempre relevante. Não se trata de um caminho opcional para a administração da igreja, mas de uma trilha necessária, que deve ser entendida, acatada, apoiada e aplicada, para que tenhamos saúde espiritual em nosso meio.

O exercício da disciplina na igreja é algo tão importante que o reformador João Calvino a considerou, ao lado da proclamação da Palavra e da administração dos sacramentos, uma das marcas que distinguem a igreja verdadeira da falsa, a não preservação de sua pureza moral e doutrinária.

Não queremos desenvolver um espírito de censura gratuita, no qual enxerguemos sempre o argueiro no olho do irmão antes da trave que está no nosso. A disciplina, exercida com amor, pelas razões especificadas na Bíblia e com os objetivos que ela prescreve, deve ser exercida na esfera pessoal e apoiada e compreendida.

 

1-         A DISCIPLINA NO NT

Hebreus. 12. 3-11; Hebreus 4.15; 1 Timóteo. 4.13; Gálatas. 2.14; 1 coríntios 10.11; Tito. 3.10; Hebreus.9.10; 1 coríntios. 10.40; Colossenses 2.5; Gálatas. 6.1; Mateus 18.15; Marcos. 9.43-45

Mateus 28.19-20;          

 

2-         OBJETIVO DA DISCIPLINA CRISTÃ

•           Instruir o discípulo

Gl. 4.19; Fl .1. 9-11; Ef.4.2

•           Equipar os Salvos

I Tm . 4.8

•           Preservar a identidade

Mc. 9.50

•           Capacitar os discípulos

Fl. 2.15; I Tm 4.16

•           Preparar a Igreja para volta de Cristo

2 Pe. 3.11-12; Mt. 24.45-51

 

3-         POR QUE A DISCIPLINA?

Porque é direito de Deus- Mt 21. 33-46;

Porque devemos dar testemunho – Rm 6.19

 

4-         AUTORIDADE DA IGREJA.

É a igreja quem disciplina.

A disciplina pode ser:

 

1-         Preventiva – amor, ensino, ajuda – Tiago 5.16

2-         Corretiva – se exerce com rigor para salvar o membro faltoso – Gl. 6.1

3-         Cirúrgica – exclusão – Mt. 18.15-17

4-         Carta compulsória- transferência não solicitada imposta pela igreja.

 

5-         PRINCÍPIOS DA DISCIPLINA

Ela é válida para todos, ou seja, a aplicação da disciplina não é avaliada dependendo da pessoa, mas se há caracterização de pecado (1Tm 5.21);

A disciplina não é feita como se fosse algo automático e imediato em seus passos, antes, é aplicada com prudência para não precipitar possíveis punições e cometer injustiças. Por exemplo, os três passos de disciplina descritos em Mateus 18.15-17

A disciplina deve ser aplicada visando a restauração do irmão (Mt 18.15). A disciplina aplicada como mera punição ou pelo prazer de ver o irmão punido não condiz com a orientação da Escritura (Gl 6.1).

 Mt. 16.19; Mt. 18,15

 

6-         PROPÓSITOS DA DISCIPLINA

Glorificar a Deus através de uma vida de obediência à Bíblia (Rm 16.17-18; 1Ts 5.14; 2Ts 6.6-7; 1Tm 5.20, 6.3). Ao invés de “passarmos a mão na cabeça” do transgressor, o genuíno ato de glória a Deus é confrontar o pecador.

Recuperar o membro em pecado – em qualquer nível de disciplina, a atitude deve ser sempre de buscar o arrependimento e a conseqüente recuperação do irmão. Em nenhuma hipótese a disciplina deve ser aplicada apenas com caráter punitivo (Mt 18.15; Gl 6.1; 2Ts 3.15).

Purificação da igreja – certamente não somos capazes de manter a igreja perfeitamente pura, entretanto, isso não pode ser usado como argumento para negligenciarmos a pureza da igreja. Portanto, é necessário que a empenhe-se para buscarmos nosso nível de excelência nesta área (1Co 5.6-8; 2Co 3.18).

Impedir a queda de outros irmãos – a disciplina serve de modelo para outros irmãos, desencorajando-os a tomarem atitudes semelhantes (1Tm 5.20).

Evitar dar motivo a Deus para que Ele se volte contra a igreja (Ap 2.14, 20).

Crescimento espiritual da igreja – todas as circunstâncias devem ser motivo de crescimento para a igreja (Ef 4.2; Cl 3.13-14).

 

O TEXTO DE MATEUS 18.15-22, 

 Os passos ensinados pelo nosso Senhor Jesus Cristo, para aplicação em nossa vida comunitária, como membros da igreja visível, são esses:

Passo 1 - Contato individual, pessoa a pessoa. Em Mt 18.15, lemos: "Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão". Não devemos esperar que a parte ofensora venha pedir perdão, quando pecar contra nós. Jesus nos ensina que nós, quando ofendidos, devemos tomar a iniciativa para ter uma conversa discreta e individual com o nosso ofensor. Essa admoestação, em si só, já é importante para o nosso crescimento em santificação. Abordar o ofensor vai contra o nosso orgulho, mas é uma atitude típica da humildade que Cristo requer de nós, como cristãos. Cristo não oferece garantias de que teremos sucesso, mas se o ofensor der ouvidos à nossa admoestação individual, ganharemos o irmão, no sentido em que o impediremos de cometer pecados mais sérios contra outros, bem como construiremos um relacionamento mais sólido, em Cristo, com aquele irmão ou irmã.

Passo 2 - Contato com dois ou três. O versículo 16 aprofunda o contato e o envolvimento corporativo no processo de disciplina. Ele deve ocorrer se o contato individual for infrutífero, se o irmão ou irmã não der ouvidos à abordagem prescrita anteriormente. O v. 16 diz: "Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça". Quando é a hora certa de passar do passo 1 ao passo 2? Devemos pedir a Deus discernimento e sabedoria para ver quando não há mais progresso no contato individual e está caracterizado que a parte ofensora não "quer ouvir". Nesse caso, a abordagem deve ser exercida com mais uma ou duas pessoas, como "testemunhas". Serão testemunhas do problema ocorrido, ou testemunhas do contato que está sendo realizado? Creio que não são testemunhas do problema, pois se o fossem a questão já seria pública e não limitada às duas pessoas, como indica o v. 15. São pessoas que deverão testemunhar e participar do encaminhamento do processo de disciplina, da exortação, do aconselhamento, objetivando que o faltoso "ouça". Não são testemunhas silentes. O verso fala do "depoimento" delas.

Passo 3 - Contato com a Igreja. O versículo 17 apresenta uma mudança enorme no encaminhamento da questão. O faltoso recusou a admoestação individual e a conjunta de dois ou três membros. Jesus, então, determina: "... se ele não os atender, dize-o à igreja...". O "dizer à igreja", em uma estrutura presbiteriana, equivale a relatar ao Conselho. Em uma estrutura congregacional, relatar à Assembléia. Em qualquer situação, o relato, agora, deve ser feito pelo primeiro irmão ou irmã e pela outra ou outras testemunhas, envolvidas no Passo 2. A continuidade da frase, neste mesmo versículo, mostra que o propósito de "dizer à igreja" continua sendo o da admoestação. Não é só uma questão de veicular notícias, mas a de visar a exortação do ofensor, que agora será feita "pela igreja", ou pelos representantes constituídos e eleitos por ela. Infelizmente, muitos pecados públicos e já amplamente divulgados no seio da comunidade só são tratados a partir deste estágio. Muitas vezes aqueles mais próximos ao faltoso deixaram de aplicar os passos 1 e 2, ao primeiro sinal da ofensa. A igreja é, então, surpreendida com o pecado realizado, divulgado e comentado, restando aos oficiais apenas tomar o processo a partir deste passo. Humanamente falando, quem sabe pecados maiores não teriam sido evitados se a abordagem individual, prescrita por Jesus, tivesse sido realizada.

Passo 4 - Exclusão. No final do versículo 17 Jesus diz "...se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano". A recusa no atendimento às admoestações, a atitude de arrogância e desafio às autoridades, retratada em 2 Pe 2.10-11 e Judas 7-8, devem levar o faltoso à exclusão da igreja visível. Ele (ou ela) deve ser considerado como um descrente ("gentio") e deve ser cortado da comunhão pessoal da mesma forma como os coletores de impostos ("publicanos") eram desprezados pelos judeus. Somente evidências de arrependimento e conversão real poderão restaurar essa comunhão cortada pela disciplina. Com essa exclusão vão-se também os privilégios de membro, como a participação na Santa Ceia, e os demais. Jesus demonstra a necessidade de respaldar essa drástica atitude na sua própria autoridade e na do Pai. Isso ele faz nos vs. 18-19, mostrando o seu acompanhamento e o do Pai, nas questões da igreja que envolvem a preservação de sua pureza. Ele fecha essas instruções com a promessa de sua presença na congregação do povo de Deus (v. 20). Essas são palavras de grande encorajamento para que a igreja não negligencie a aplicação do processo de disciplina em todos esses passos.

 

7-         NORMA DE CONDUTA CRISTÃ

Segundo a bíblia.

1-         Todo membro da igreja deve:

•           Amar a Deus sobre todas as forças, coração e mente- Mc. 12.30

•           Amaras teu próximo como a ti mesmo – Mc. 12.31

A regra de ouro “aquilo que você não gosta que façam com você não faça com outros”

 

Conclusão

Vivemos em uma era sem restrições e sem limites. Por isso, talvez, a questão da disciplina na igreja seja tão incompreendida e até negligenciada. Muitos questionam a legitimidade da sua aplicação - "com que direito?" Outros se revoltam quando a recebem. É preciso que saibamos que o direito e a autoridade da disciplina procedem do Senhor da igreja, que a comanda. É preciso que nossos olhos sejam abertos para que verifiquemos que a rejeição da disciplina é um grande mal. A recusa de sua aceitação ou a revolta por ela significam agir contra o objetivo maior, que é o reconhecimento do pecado, o arrependimento sincero e a restauração à plena comunhão da igreja visível.

Num mundo sem regras, Deus, em sua misericórdia, coloca a sua igreja como baluarte para que os seus padrões sejam reforçados e seguidos. Supliquemos a Deus que nos preserve em pureza, na plena comunhão de sua igreja e que compreendamos e defendamos o exercício da disciplina, quando necessária.

 

Questões:

1-     Qual é o significado da palavra Disciplina?

2-      Em que consiste biblicamente a palavra disciplina?

3-     Na sua meditação em casa procure textos no AT, que falem sobre disciplina.

4-     O que nós diz o NT sobre Disciplina.  

5-     Quem pode aplicar disciplina?

6-     Qual é função da disciplina na Igreja?

7-     Quais são os tipos de disciplina que são aplicados na Igreja Batista?

8-     Quais são os passos que você deve seguir como membro da Igreja ao conversar com um irmão em Cristo?

9-     Você crê que a disciplina é necessária na vida da igreja?

10-  Você aceito a disciplina do Senhor na sua vida?